Não deu pra ser sua namorada

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Parafraseando Tiê: e te peço, me perdoa, me desculpa que eu não fui sua namorada, pois fiquei atordoada. Faltou o ar. Faltou o ar…

Eu quis te seguir, quis compartilhar minhas escolhas e acompanhar os seus passos. Mas não deu, não deu. Faltou pouco pra eu trilhar uma rota pra gente ir caminhando lado a lado, mas esse pouco bastou pra eu pegar o primeiro retorno e voltar sozinha.

Não foi nada do que você tenha dito ou feito, mas meu coração bate estranho e não encaixou na minha sintonia desajeitada. Eu não soube acompanhar seus passos retos, sou cheia de curvas aqui e ali. Não deu pra te ligar na hora que você me pediu porque não sei olhar para o relógio. Eu vivo de saudade e quando ela aperta eu sei que está na hora, mas sua progamação intacta me deixou sem tempo.

Foi difícil abrir mão e nos convencer de que não iríamos muito longe. Mas se os dois não remam juntos, o barco não sai do lugar. E foi assim que me senti: andando, andando e não indo a lugar algum. Como se a gente já tivesse vindo com prazo de validade.

Eu sabia e você também, não ia dar. Eu quis tanto ser sua, mas se fosse pra ser, nem precisaria tentar. Eu quis perder os sentidos de ansiedade. Porém, estava vazia de borboletas. Não deu pra me animar com a rotina, você sabe como eu gosto de um atraso e por mais que eu tentasse seguir o plano, já estava distraída demais para continuar.

Não foi culpa de ninguém, às vezes o amor é aquela faísca que se assopra e assopra de novo, mas não se torna fogo. Não adiantaria mais gastar fôlego, não tinha sido dessa vez. Não foi amor. Foi tentativa, foi esperança, mas passou longe do alvo. Fiquei ofegante com os meus sopros incansáveis e o fogo não veio, não esquentou.

Não deu pra ser sua namorada, nossa história foi o contorno de uma praça. O fim sendo o mesmo lugar onde tudo começou. Não quis recomeçar o ciclo. Foi melhor aceitar. Não procuro reencontros de esquinas, prefiro mudar o lugar.

7 respostas para ‘Não deu pra ser sua namorada

  1. Bcn

    Olá, Najara! Tudo bem contigo?

    Vim apenas parabeniza-la pelo seu texto, o li como se como se falasse de uma história que vivi, como se tivesse sido escrito por uma menina que conheci e, em algum momento, percebi que desejava que fosse ela a autora.
    Nunca concordei com críticas literárias que desenvolvem uma análise psicológica sobre os autores através daquilo que eles escrevem ou escreveram – não acho que Kafka era apaixonado pela irmã unicamente por que Gregor Samsa assim o era – sempre preferi a visão da Autopsicografia de Fernando Pessoa para o nosso ato de escrever, contudo, vejo em seu texto palavras sinceras e também vividas, dessa forma, mesmo o seu nome não sendo aquele que eu pensava encontrar ao final do texto, o sentimento empático pelo momento descrito foi de mesma maneira compartilhado… Creio que esta é uma das principais intenções e recompensas para um escritor, não? rsrs

    Desculpe a digressão rsrs, mais uma vez: parabéns, sua escrita é cativante.

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    • fica entre parênteses

      Oi! Tudo mais lindo ainda depois desse comentário (:
      Fico feliz que tenha gostado mesmo não sendo a autora que você esperava. Muito obrigada pela leitura e os elogios. Um beijo!

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      • Bcn

        Najara, adicionei você no Facebook, gostaria de poder conversar um pouco mais contigo, porém, quando enviei uma mensagem explicando quem eu era percebi que, como não temos nenhuma ligação em comum, a mensagem foi enviada para a caixa de entrada “Outras” do Face (aquele filtro de Spam que ninguém olha com as mensagens: “Oi! Você conhece o Carnafacul?” rsrs). Da uma olhadinha nas suas solicitações de amizade e, se puder, adoraria ter o seu contato lá.

        Obs: Desculpe escrever por aqui, não encontrei um e-mail seu, então foi a maneira que achei pra dizer quem eu era (não sabia se você seguia a filosofia do “No Scrap – No Add” do saudoso Orkut rsrs). Sei que os comentários são moderados antes de aceitos aqui, assim é fácil apagar rsrs.

        Beijos

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